Horta escolar: por onde começar?

A melhor maneira de fortalecer a aprendizagem é com a prática. Já pensou em ensinar botânica montando uma horta escolar? Então esse é o post perfeito pra você!

1. Material necessário

Algumas ferramentas são essenciais para o preparo da terra e plantio das hortaliças:

2. Escolha e preparação do local

A horta poderá ser instalada em qualquer espaço externo da escola que tenha terra, não esteja sendo utilizado, nem seja passagem de pessoas.
Considere que para as atividades, os alunos deverão utilizar parte do tempo das aulas de Biologia para os trabalhos de semeadura, manutenção, regas e colheita.
Lembre-se que transplantes e regas realizados com sol intenso trazem mais prejuízos do que benefícios às plantas. Por isso, dê preferência à uma área do terreno da escola que esteja sombreada durante o período das aulas mas que receba insolação direta em outras partes do dia.
 Para vasos e caixotes-sementeiras, até mesmo o parapeito das janelas do laboratório ou da sala de aula poderá ser utilizado.

3. Preparação dos canteiros

A área escolhida para a horta deverá, antes de qualquer coisa, passar por uma limpeza para retirar pedras, entulho, galhos, latas e ervas daninhas.Se o solo estiver muito duro e compactado, a enxada servirá para o trabalho de afofamento e destorroamento da terra.
Se for o caso, uma certa quantidade de esterco ou adubo poderá ser acrescentada nessa fase, devendo ser muito bem misturada ao solo – cerca de dez litros de esterco curtido por metro quadrado, ou adubo químico* conforme as instruções do fabricante.
*Apesar de muito utilizado, podemos substituir o adubo químico pela adubagem orgânica, mostrando assim aos alunos uma alternativa para o destino de frutas e verduras que iriam para o lixo, através de uma composteira por exemplo.
A seguir, o terreno poderá ser dividido em canteiros com cerca de 70 cm de largura, separados por ”ruas” de 40 cm, para permitir a circulação. O comprimento dos canteiros dependerá do espaço disponível, mas não deverá ultrapassar de 8 a 10 m.
Cada grupo de cinco ou seis alunos pode ficar responsável por um canteiro, se houver espaço suficiente (em terrenos muito inclinados, os canteiros deverão ser construídos em curvas de nível).
Depois de preparados os canteiros, a área deverá ficar em repouso por cerca de vinte dias, para que o esterco fermente e eventuais sementes de ervas invasoras possam germinar, facilitando sua rápida eliminação em uma limpeza manual.

4. Sementeiras

Algumas hortaliças não devem ser plantadas diretamente nos canteiros, sendo necessária assim, a utilização de sementeiras, para que após a geminação possam ser transplantadas para o local definitivo.  Em lojas especializadas é possível encontrá-las, mas nada te impede de confeccionar a sua própria sementeira, basta fazer uso da criatividade sustentável.

5. Horta Alternativa

A minha escola não tem espaço externo adequado para a horta, o que eu faço?
Alternativas não faltam: garrafa pet, cano PVC, caixote de pallet, galão d’água, pneu, vasos… Além de possibilitar a confecção por parte dos alunos, ao utilizar esses objetos podemos trabalhar diretamente o reuso, estimulando assim a consciência ecológica e mostrar que todos podem ter a sua própria horta em casa ao reutilizar materiais que outrora seriam descartados.
Nesse caso, será fundamental conhecer bem as características das plantas que serão semeadas, para que elas se adaptem bem ao espaço disponível.

6. O que plantar?

Uma vez motivados para a realização do projeto da horta, os alunos desejarão plantar todas as espécies de vegetais de que já ouviram falar. Embora seja um sinal positivo de que a proposta foi bem recebida, resista às solicitações dos alunos, oferecendo uma lista relativamente reduzida de opções para que escolham o que irão semear. Isso é importante por vários motivos:
  • Certos vegetais são mais indicados do que outros, dependendo dos objetivos específicos do professor quanto aos conteúdos que serão trabalhados paralelamente à horta;
  • Nem todos os vegetais propostos pelos alunos são fáceis de serem cultivados por “agricultores iniciantes”; alguns requerem cuidados especiais, outros exigem um clima diferente do que existe na região, outros ainda devem ser semeados em outra época do ano;
  • Para o sucesso do projeto, é fundamental que os alunos tenham seus esforços recompensados, realizando efetivamente uma colheita após alguns meses de trabalho.
A horta deve ser um projeto com início, meio e fim ao longo do ano letivo. Por isso, é recomendável plantar espécies de ciclo de vida relativamente curto e de fácil cultivo.
A tabela abaixo relaciona algumas espécies de cultivo fácil e suas características mais importantes. Você pode se basear nela para apresentar as opções de cultivo aos alunos.
Além dos vegetais escolhidos pelos alunos, algumas plantas de especial interesse nas aulas de Biologia poderão ser mantidas em um canto da horta, ou mesmo no laboratório, em vasos: musgos e hepáticas, samambaias e cavalinhas, exemplos típicos de mono e dicotiledôneas, entre outros materiais comumente utilizados nas aulas práticas.

7. Semeadura

Para as dimensões de uma horta com as finalidades que estou descrevendo, os envelopes de sementes encontrados em supermercados e lojas especializadas são eficientes.
Nelas constam informações importantes, como a época de cultivo, modo de semear, espaçamentos entre as mudas, entre outras. A bibliografia auxiliar também deve ser consultada.
Uma boa ideia é pedir aos alunos que tragam as sementes dos alimentos que costumam consumir, como por exemplo, tomate, pepino, abóbora, etc.

8. Manutenção

Nas semanas seguintes a da semeadura, os alunos deverão revezar nos cuidados periódicos com a horta. Estes poderão ser realizados semanalmente, usando os últimos quinze minutos de uma aula de Biologia, exceto quanto às regas, que na época seca do ano deverão ser mais diárias.
Poderá notar com satisfação, que os alunos tenderão a ir praticamente todos os dias para ver como estão as coisas na horta.
As primeiras plantinhas a germinarem serão motivo de comemorações, e os primeiros resultados notáveis, como os rabanetes tomando forma ano nível do solo, levarão os alunos e já planejarem sua salada.
É importante, nessa fase, lembrar constantemente aos alunos que a colheita só poderá ser realizada no prazo previsto, de forma coletiva e organizada e, para que isso ocorra, os cuidados periódicos com a horta não poderão ser negligenciados:
  • Limpeza de ervas invasoras, quando necessário;
  • Desbaste das mudas, quando indicado;
  • Controle de eventuais insetos daninhos;
  • Transplante de mudas, colocação de tutores, etc;
  • Regas diárias.

9. Colheita

Alguns alunos poderão ser tentados a antecipar a colheita em seus canteiros, o que deve ser evitado.
O tão esperado momento da colheita deve ser revestido de uma certa solenidade, já que o trabalho que envolveu toda a turma e representa esforço coletivo e organizado do grupo.
No dia marcado, quando boa parte dos produtos da horta já estiver em condições de ser colhida, o professor organizará a colheita, a lavagem e a preparação dos alimentos.
Nas experiências que tive em hortas escolares, após a colheita realizamos piquenique saudável, mini feirinha orgânica e até mesmo receitas mais elaboradas na atividade de cozinha experimental.
Será a primeira vez que muitos deles provarão alguns dos ingredientes, que terá sem duvida, um sabor especial. Fatias de rabanete, digamos, sempre desprezadas no passado, serão disputadíssimas.
Por mais eficiente que tenha sido o projeto da horta para os objetivos formais do professor, esse momento final talvez seja o resultado mais importante, do ponto de vista educacional, conseguido pelo professor de Biologia em seu trabalho.

10. Projetos de pesquisa utilizando a horta

Aproveitando o envolvimento dos alunos com o projeto da horta, o professor poderá propor diversos projetos de pesquisa , cuja realização terá agora um significado maior para o aluno. Vai agora alguns exemplos:
  • Tipos de solo e sua conservação, erosão – são temas a serem associados com uma atividade prática: análise da composição granulométrica do solo em que será instalada a horta;
  • Levantamento da declividade do terreno, quando houver, e planejamento das curvas de nível;
  • Estudos sobre métodos agrícolas, monoculturas x rotação de culturas, calagem, adubação química x adubação orgânica, agrotóxicos, controle biológico de pragas…
  • Em Fisiologia Vegetal: experimentos tradicionais de germinação, estiolamento e tropismos dos vegetais, utilizando sementes e mudas da própria horta ou trazendo-as ao laboratório para um estudo prévio ao plantio;
  • Em Nutrição – pesquisas sobre composição dos alimentos de origem vegetal, fontes de nutrientes e funções dos alimentos, associadas à escolha das plantas que serão cultivadas, plantas medicinais e condimentos podem ser outros temas de pesquisa.
E vocês, já desenvolveram projetos de horta escolar? Como foi a experiência? O que deu certo? O que deu errado? Bora compartilhar experiências galera : )
Referências:
CAPELETTO, ARMANDO. Biologia e Educação Ambiental: Roteiros de Trabalho. 2 ed. Editora Ática, 1999.
PENSAMENTO VERDE. A importância de projetos de horta escolar dentro da educação ambiental. Disponível em: <http://www.pensamentoverde.com.br/meio-ambiente/importancia-projetos-horta-escolar-educacao-ambiental/>.  Acesso em 01 de fevereiro de 2018.
Projeto Educando com a horta escolar e gastronomia. Disponível em: <http://hortaegastronomiaarroiodosal.blogspot.com.br/>. Acesso em 01 de fevereiro de 2018.

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